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terça-feira, 13 de dezembro de 2011

O trabalho voluntário tem “peso” no processo de seleção?

Se há alguns anos falar em trabalho voluntário era um tema restrito apenas a algumas instituições religiosas ou comunitárias, hoje esse assunto ganhou uma amplitude abrangente em que cresce em uma velocidade cada vez maior. Isso é facilmente percebido nos anúncios de revistas ou mesmo de comerciais televisivos que enfatizam a preocupação das empresas não apenas com o negócio, mas também com a sociedade. 
Para se ter uma ideia de como o campo organizacional passou a dar uma atenção especial às ações voluntárias, levantamento realizado pelo CBVE (Conselho Brasileiro de Voluntariado Empresarial) - onde participam empresas como Petrobras, Souza Cruz, Rede Globo, Telefônica, Itaú e Vale - revelou que a valorização do serviço voluntário na seleção de funcionários avançou de 18% em 2007 para 59% em 2010. Mas por que considerar, em um processo seletivo, o fato do candidato realizar alguma ação social? Quem responde essa pergunta é Carlos Contar, consultor de Recursos Humanos e diretor regional da Business Partners Consulting. Segundo ele, as atividades de voluntariado dizem muito mais sobre o profissional do que muitas pessoas imaginam. 
"Em qualquer área que seja o trabalho doado, a questão é que ele é bem visto pelo mercado corporativo, pois demonstra uma preocupação do profissional em buscar aperfeiçoamento, independente de remuneração", justifica o consultor. Em entrevista ao RH.com.br, Carlos Contar cita, ainda, quais as principais competências comportamentais que podem ser desenvolvidas pelas pessoas que dedicam parte do seu tempo para realizar ações cidadãs. Confira a entrevista na íntegra e aproveite a leitura!


RH.com.br - Experiência profissional e formação acadêmica são requisitos importantes em um processo seletivo. No entanto, as competências comportamentais também ganharam espaço. Por que tanta preocupação com o lado comportamental dos candidatos?
Carlos Contar - O lado comportamental do candidato, atualmente, serve como diferencial para a empresa. De modo geral, as companhias buscam profissionais com foco em resultados, clientes e com visão sistêmica. Nesse sentido a comunicação e o trabalho em equipe são essenciais e para isso é necessário dinamismo, agilidade e comprometimento, não só com eles mesmos, mas com a sociedade como um todo. É o equilíbrio de todas as características que produz um executivo de alto desempenho. O mercado se tornou muito competitivo e precisa de profissionais que, por mais que façam atividades similares, saibam fazê-las com um diferencial.


RH - O cuidado em avaliar as competências comportamentais influenciou os selecionadores a valorizarem candidatos que participam de ações voluntárias? 
Carlos Contar - Sim e posso explicar. O trabalho voluntário pode falar muito sobre o perfil do candidato, tanto quanto suas experiências, inclusive. Um candidato que concorre a uma vaga e que realiza um trabalho com idosos, por gentileza, demonstra corporativismo e preocupação com a sociedade, assim como trabalhos voltados para a educação com crianças ou adultos, refletem a preocupação do voluntário com o desenvolvimento social para o presente e futuro.


RH - Que outros diferenciais os profissionais com experiências atividades de cidadania podem apresentar durante uma seleção?
Carlos Contar - Podemos ainda destacar que o trabalho voluntário mostra que o candidato é proativo efetivamente. Ao realizar um trabalho como voluntário o indivíduo irá conhecer e se adaptar a novas situações que não fazem parte do seu cotidiano. Então quando ele sai do seu espaço de conforto, aprende a conviver com outras pessoas e até mesmo a lidar com aquelas que ele não possui afinidade. E ainda, o candidato mostra que possui princípios éticos e morais. Mostrando comprometimento com outras pessoas, o voluntário desenvolve a consciência de que o retorno pelo trabalho realizado não precisa necessariamente ser financeiro. Isso, sem dúvida alguma é um diferencial significativo para as empresas que buscam profissionais com talento e que agreguem valor.


RH - Quais os benefícios um profissional que atua como voluntariado oferece às organizações?
Carlos Contar - O trabalho voluntário, apesar de ser uma atividade já conhecida, passou a contar muito como um diferencial nos currículos. Tal importância surgiu a partir do momento em que foram descobertos os benefícios proporcionados pela atividade voluntária na rotina profissional e pessoal da pessoa que o faz. O voluntariado desperta o comportamento social do indivíduo, que passa a ser mais dinâmico, colaborador, consciente, proativo e responsável.


RH - Qualquer ação voluntária tem sido considerada válida pelos selecionadores?
Carlos Contar - Ações voluntárias podem ser desenvolvidas em áreas compatíveis com os interesses profissionais da pessoa ou em áreas totalmente distintas. Entretanto, qualquer trabalho voluntário é considerado válido, mesmo que fuja do foco profissional. Indiferentemente da área a ser escolhida, o trabalho solidário ajuda a desenvolver determinadas características e habilidades que serão aproveitadas em qualquer área. Vale lembrar que o ideal é que o profissional sinta-se à vontade e procure fazer o que se sente mais habilitado, sentindo-se útil à sociedade.


RH - O profissional que resolve participar de ações voluntárias apenas para se destacar no mercado, ganha créditos junto às organizações? 
Carlos Contar - Existe a possibilidade do candidato iniciar um trabalho voluntário apenas pelo fato de que, se o fizer, terá maiores chances de conseguir uma vaga de emprego. Não importa se ele tenha segundas intenções, pois o resultado final é o mesmo, e ainda assim, irá aprender alguma coisa benéfica para o campo pessoal e profissional. Só por realizar uma ação voluntária, a pessoa demonstra que venceu uma resistência e que é proativa, e isso conta bastante. Entretanto, só a informação detalhada no currículo não basta. O candidato deve estar motivado ao falar sobre o tema, reconhecendo aspectos que desenvolveu e que lhe trouxeram contribuições tanto pessoal quanto profissionalmente.


RH - A partir de que momento as ações voluntárias despertaram o interesse do cenário organizacional?
Carlos Contar - A partir do momento que as empresas passaram a se preocupar com o conceito de sustentabilidade. Para que possam ser bem conceituadas do ponto de vista sócio-ambiental é necessário que o exemplo comece a partir dos seus próprios funcionários e, para isso, eles precisam compreender a ideia e praticá-la. O trabalho voluntário proporciona justamente essa visão ao profissional, que se torna mais maduro para compreender as relações presentes na sociedade.


RH - Qual o perfil de empresa que valoriza profissionais que atuam em ações de cidadania?
Carlos Contar - Para algumas empresas, ter um profissional que já trabalhou como voluntário conta bastante. As companhias que enxergam as ações cidadãs como um diferencial em seus candidatos, geralmente se preocupam com a sociedade e com a sustentabilidade. As organizações que incentivam seus funcionários a serem voluntários são mais respeitadas interna e externamente e conseguem ser bem vistas por seus funcionários e também pela comunidade.


RH - E para os profissionais que já atuam no mercado e querem realizar atividades cidadãs, esses devem atuar sozinhos ou buscar apoio junto à área de RH?
Carlos Contar - Algumas empresas já possuem programas de voluntariado empresarial que ajudam a construir vínculos entre empresa, profissional e sociedade, proporcionando ao funcionário e ao aposentado servir voluntariamente a uma comunidade. Nessas empresas o ideal é que se procure apoio e informações sobre o programa. Já nas organizações que não possuem qualquer forma de incentivo ao voluntariado, nada impede que o próprio profissional venha a sugerir a implantação de tal projeto. Também é sempre bom lembrar que existem diversos outros meios para quem deseja trabalhar como atividades voluntárias. Se a pessoa, por exemplo, se interessar por outro tipo de assunto, que não tenha qualquer tipo de vínculo com a instituição em que trabalha, pode procurar diretamente outras instituições ou órgãos responsáveis por iniciativas sociais.

Fonte: www.rh.com.br

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