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quarta-feira, 27 de novembro de 2013

3 lições de carreira de Lemann, o homem mais rico do Brasil




Para Jorge Paulo Lemann, dono de empresas como AB Inbev e Burger King, o maior risco é não se arriscar; veja outros conselhos do empresário


São Paulo – De um ano para cá, a fortuna do Jorge Paulo Lemann cresceu 2,7 bilhões de dólares. Fato que o alçou ao posto de 28ª pessoa mais rica do mundo, segundo a Bloomberg Businessweek.
Dono de empresas como AB Inbev e Burger King, o empresário brasileiro recentemente foi classificado como o bilionário mais interessante do mundo pela mesma publicação. “Ele é sinônimo de eficiência impiedosa. Ele é um construtor de impérios”, afirmou a Bloomberg Businessweek.

O elogio não é gratuito. Aos 74 anos e com uma fortuna de 21,5 bilhões de dólares, o empresário tinha planos vagos no início da sua carreira: ele queria sucesso e dinheiro. 

“Minha família tinha recursos patrimoniais imobilizados, que não tinham liquidez nenhuma. Eu tinha a necessidade de ganhar dinheiro para ter uma vida decente, viver bem”, contou durante bate-papo online promovido pelo site Na Prática, da Fundação Estudar, nesta terça.

Segundo ele, a ambição da mãe foi um dos principais motivadores. E o tênis, a principal escola – como é percebido em quase todas as metáforas com a carreira que ele usou durante a conversa. 

“O tênis exige muita disciplina, treino e análise de como posso ser melhor”, disse. “Minha atitude nos negócios sempre foi de fazer força, treinar, ter foco porque, de vez em quando, as oportunidades passam e você tem que agarrar”. E isso influencia até a maneira como ele recruta, veja também qual é o perfil de profissional que Lemann contrata.

1 Amplie os horizontes 

“Estudar no exterior não é essencial, mas soma”, afirma o empresário. Antes de ingressar na Universidade de Harvard, aos 17 anos, Lemann conta que o mundo dele se restringia a “ganhar o próximo torneio de tênis e pegar a maior onda” na praia do Arpoador, no Rio de Janeiro, diga-se de passagem. 

A renomada universidade americana, segundo ele, abriu horizontes. “Li coisas que nunca tinha lido antes, convivi com os alunos mais inteligentes do mundo. Me deu uma outra perspectiva”, afirma. 

Sem ter ainda muito claro o que fazer da vida, quando retornou ao Brasil, o empresário, novamente, decidiu ampliar seu leque de opções. “Eu achei que em um banco de investimentos teria a chance de ver vários negócios e oportunidades sem me comprometer com uma carreira específica”, conta. 

Aos 21 anos, quando morava na Suíça, a carreira de Lemann deu uma reviravolta: ganhou o campeonato suíço de tênis e foi convidado para integrar a equipe da Federação Suíça. Resultado: representou o país na Copa Davis de 1962 e o Brasil em 1973. Foi pentacampeão brasileiro na modalidade.

Lição: “A única maneira de se encontrar é fazendo, testando. Isso abre o horizonte um pouco”, afirma. Agora, “não pode passar o resto da vida testando senão não chega a nenhum lugar”.

2 Aprenda a errar 

Depois da temporada na Suíça, Lemann voltou ao Brasil e se juntou a uma empresa nascente no setor financeiro. “Eram pessoas formadas em Yale, Princeton. Mas eram muito melhores vendedores e marqueteiros do que administradores”, disse. 

Resultado? “Emprestaram dinheiro mal e depois de quatro anos, a empresa faliu”, conta. “Eu não era da área do crédito, nem diretor da empresa, mas estava ali no meio”. O gosto do primeiro fracasso foi traumático, nas palavras dele. “Eu achava que era o bom, formado em Harvard. Mas com 25, 26 anos, eu estava sem dinheiro nenhum participando de um fracasso”, conta. 

Lição: “Eu vinha do tênis que a gente perde, não ganha sempre. Eu aprendi que se você perde, você te quem usar aquela experiência para aprender o que fez de errado e como ganhar da próxima vez”, diz. A fortuna de 21,5 bilhões de dólares, segundo a Bloomberg, sinalizam que ele tirou de letra a lição. 

3 Arrisque-se (de uma maneira calculada)

Quanto maior o risco, maiores os ganhos. O conceito básico da teoria financeira, de certa forma, resume a carreira e o sucesso de Lemann. Depois de se recuperar do que ele classifica como primeiro grande erro da vida, ele rejeitou uma opção de carreira mais segura em grandes bancos, para enveredar por um terreno mais arriscado em instituições menores. Detalhe: à época, ele já tinha mulher e filhos pequenos para criar. 

“Eu achava que tinha mais potencial para crescer e me sentia mais livre trabalhando em uma empresa que estava começando do que em um negócio burocratizado”, afirma. 

Anos depois, quando já era um dos sócios da então corretora Garantia, o empresário rejeitou uma proposta do JP Morgan em nome da liberdade para cuidar do próprio negócio. “Para nós, teria sido uma situação mais confortável nos associar a eles”, disse. Em vez disso, junto com os sócios, fundou o banco de investimentos Garantia. 

As jogadas arriscadas não pararam por aí. No início da década de 80, o empresário e seus sócios decidiram “se meter em um negócio que ninguém conhecia direito”: a compra das Lojas Americanas. “No mercado financeiro, ganhava-se muito dinheiro, mas era irreal. Queríamos uma coisa mais sólida”, contou. 

Para comprar os 70% de participação na rede de lojas, o grupo investiu 23 milhões de dólares. “Mas tínhamos uma válvula de escape. As Lojas Americanas tinham 100 milhões de dólares em imóveis. Se nada desse certo, tínhamos o seguro dos imóveis”, disse. 

Lição: Aí reside o segredo de Lemann. No tênis, ele aprendeu que o maior risco é não se arriscar. Mas isso exige treino. “Você sempre tem que se arriscar. Mas você só começa a ter uma sensibilidade de quando dá para arriscar baseado no que já praticou”, afirmou. Ou seja, nas quadras ou fora delas, nenhuma jogada deve ser feita totalmente no escuro. 


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